
1
A cidade se enrosca
na garganta
dos homens, sangra
abóbora podre
sem nome, angústia
convulsa. Ladra
cadela no cio.
Galope
de vômitos frios
oh micróbios
cospe
engole
dá na mesma
é sempre a mesma
mole massa sebosa
escarro na tumba
tombo no ultraje
traje de quimera
e gosma, gosma
que corta, estraçalha
o ser. A linguagem
que o ser, ce cangalhas
procura.
2
Quero o podre
ao sol. Saudável
luz rebenta, como o trigo
com o olhar. Quero o podre
exposto, doendo, remoendo
os ventres, a fome. Quero a fome
a luz nos ventres, o parto
da dor. O olhar rebenta
o podre, vau, vulgo, vulva
brotos brotam, não? Por isso
por aquilo, de vão a vão
bojo, cós, fole e podre a podre
a esperança caminha.
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(cont.)