sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Desamor




por que tanto luxo no luzeiro
por que a crisma na cadeira
e o abacate no copo verde
e o desamor no bigode verde

por que a crisma do luxo
ou do lixo em cima da cadeira
por que o abacate verde no bigode
e tanto luzeiro no desamor

tenho um copo de luxo verde na mão
tenho um abacate sentado na cadeira
e o bispo luzindo no firmamento

não me venham com a crisma lírica
ou lúrida no meu pobre corpo
que tudo é desamor fundo do poço

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Nudez




Nudez

Estou cansado e meu olhar esquece
as imagens do dia e suas máscaras.
A noite gordurosa se apodera
do que sei e concebo, da palavra

que escrevo, por ofício de poeta.
Ofidio me recolho, ovo, repolho
palavras vagas nesta hora vaga
digo e repito, creme bolorento

ou o que for, o que se encrava e vaga.
E vago me refaço do meu susto
dos passos vagos na cidade vaga.

E como é tudo vago, vago fico
rico como uma cifra de jornal
vazio de tudo, vago e sujo, mudo.

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