segunda-feira, 15 de abril de 2013

UM PÉ DE URTIGAS







UM PÉ DE URTIGAS


Plantei um pé de urtigas num vaso
na sala.
As folhas estão viçosas, brilham
com a luz.

Ainda não floresceu.
Espero ansiosamente as flores
rosadas
delicadas
apetitosas.

Enquanto não floresce, vou aguar
com devoção
o meu pé de urtigas.

As folhas verdes voltam-se
para o sol.
A luz é a essência das plantas.







sábado, 13 de abril de 2013

POEMA DA NECESSIDADE DUM DISCO VOADOR






Poema da necessidade dum disco voador


Eu preciso dum disco voador
para fugir deste mundo cruel.
Eu preciso urgentemente um disco voador
nem que seja de tábua, ferro velho ou papel.

Só um disco voador
para acabar com a minha dor.

Vambora, minha gente, vamo’ nessa
para fora deste mundo louco.
Tanta gente no mundo, tanta pressa,
tanta coisa para fazer,
que nem adianta morrer,
é pouco.
Só indo embora num disco voador.

Só um disco voador
para acabar com a minha dor.

Voa, dor! Voa, dor!
Vai embora minha tristeza
nem que seja
num disco voador.


Para Mimi Manzelli, que me pediu um poema dessa foto, e para Anna Clara de Vitto, com carinho.

J. C. Brandão





sábado, 6 de abril de 2013

A DESEJADA DAS GENTES









A DESEJADA DAS GENTES


Manuel Bandeira esperou a Indesejada das Gentes,
eu espero a Desejada, a da Foice, do Ancinho
e dos Seios de onde correm leite e mel.
Eu espero a sempre Bela, a Eterna que nos leva

para o Eterno. Eu espero a Morte Insofismável,
que vai me pôr diante de Deus como um fruto maduro,
como um cão que adora o seu dono, como a terra
e como as nuvens que passam no céu azul.

A minha casa está pronta como a de Manuel Bandeira,
os lençóis muito brancos estão estendidos na cama
e os meus livros estão espalhados pela casa iluminada. 





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