Poemas de Gregório Vaz
heterônimo nascido com os “Poemas da Cidade Podre”, em “Exílio” (1983).
quinta-feira, 28 de julho de 2011
MENSAGEM NA GARRAFA
Escreveu o seu último poema
esforçou-se para dizer tudo
de sua dor estranha num mundo estranho
Enrolou a folha com o poema
enfiou numa garrafa
jogou nas ondas do mar
E ficou imaginando se alguém o leria
quarta-feira, 27 de julho de 2011
A MENDIGA
Ela me estendeu a mão
me olhou com uma lágrima
escorrendo na cara suja
Eu enfiei a mão no bolso
não encontrei nenhum dinheiro
Ela não se importou
segurou a minha mão e disse
Estou tão sozinha como se fosse morrer
segunda-feira, 25 de julho de 2011
A CARTA
Abriu a carta com cuidado
(quando ainda se escreviam cartas)
Tirou de dentro um papel em branco
meio amassado, meio molhado
(marcas de lágrimas talvez?)
Apenas um papel em branco
terça-feira, 19 de julho de 2011
Relógio
As horas caem
com estupor
no poço do tempo.
Algumas se afogam
para jamais.
Nada se sabe das sobreviventes.
Nem se de fato existiram.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
PEDIDO
Acorde-me, se possível,
se eu dormir demais ou morrer.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
NÓS
Alguns nós entre nós
e uma faca só.
sábado, 2 de julho de 2011
NO INFINITO
As duas linhas encontram-se no infinito
onde o meu grito morre só.
Inutilmente as duas linhas encontram-se no infinito
então será tarde demais.
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