terça-feira, 11 de agosto de 2009

Soneto do psicanalista sutil



Muito se definiu o grande amor,
luz da tua e da minha vida amara!
Porém, o que de fato bem se encara
é essa nossa vidinha sem sabor.

Sai da cozinha, meu bem, lava a cara
do alho e cebola, tira esse fedor.
E depois, para a cama, com fervor!
Sempre é a hora do gozo, que não pára.

O resto é um saco, não se agüenta em pé
seja rica a panela ou santa a fé.
Não desfaças do amor, que é tudo, oh minha!

Nada e tudo que cada um tem e tinha,
uma coisinha reles, ordinária,
o amor é uma neurose necessária.

in Exílio, Massao Ohno Editor, SP, 1983.

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