domingo, 25 de outubro de 2009

Soneto do amante exemplar




Roubei o coração de mil donzelas,
cujo sexo devoro com funesto
anseio, as muito feias e as mais belas.
Não sobrará nenhum mínimo resto.

Cozinho a todas numa só panela.
Ah matronas, não digam que eu não presto!
Sou o príncipe dessa grã costela,
que a Deus e ao Diabo juntos eu empresto.

Oh carne quente, membro fumegante.
Quero todo prazer e toda dor.
Eu gozo com a força de um gigante.

Pouco me importa que pareça cômico!
Entre as coxas mergulho com furor
e de graças me inundo, como um vômito!

Sete sonetos em estado de graça, in Exílio, 1983.

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