domingo, 20 de dezembro de 2009

Poética do podre



4

A náusea é uma cegonha chata
um espelho baço, um chato
no sovaco, o enfado
zunindo, nitrindo.
A náusea é a cidade
chata, baça, no sovaco
o enfado das palavras
o chato nos olhos colhido
com colher de pau
pitada de mel e sal.
A náusea é isto
os homens rotos, ocos, de palha
o humano no cano
na atra culatra
da sarna, do ranho
do mofo
do nada. A náusea
é o morcego
morto de medo.
E são as palavras
cavas, baças, chatas
a nossa agra
face.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Poética do podre



3

O asco é o meu pão cotidiano.
Oh sensibilidades. O óleo do tráfego
denso escorre. Vós que passais
virgens ao sol detergente
burilo o poema com o cinzel do meu sarro
não vos posso dar
senão o vômito.

Visualizações de páginas da semana passada