domingo, 15 de novembro de 2009

Soneto do amoroso desiludido



Procurei de prostíbulo em prostíbulo
o teu amor, que a terra há de comer,
e o sexo, mas com muito mais prazer.
O que encontrei? O meu próprio patíbulo.

Visitei as alcovas mais sagradas,
em algumas gozei já no vestíbulo.
Visitei o mais imundo cubículo
e todas as mulheres depravadas.

A vida pode ser procura inócua,
o que se encontra é sempre a mesma nódoa.
A glória às lendas do sublime amor!

Que eu sempre encontro, sem tirar nem pôr,
na encruzilhada do desígnio porco,
o teu pasmado olhar de peixe morto.

Sete sonetos em estado de graça, in Exílio, 1983.

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