domingo, 20 de dezembro de 2009

Poética do podre



4

A náusea é uma cegonha chata
um espelho baço, um chato
no sovaco, o enfado
zunindo, nitrindo.
A náusea é a cidade
chata, baça, no sovaco
o enfado das palavras
o chato nos olhos colhido
com colher de pau
pitada de mel e sal.
A náusea é isto
os homens rotos, ocos, de palha
o humano no cano
na atra culatra
da sarna, do ranho
do mofo
do nada. A náusea
é o morcego
morto de medo.
E são as palavras
cavas, baças, chatas
a nossa agra
face.

2 comentários:

  1. Ei, JC, sempre venho aqui e me delicio com seus poemas, seu outro eu, só que não deixo comentário. Pode acreditar.Beijo

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  2. Perfeito na forma e no conteúdo.
    Gosto do ritmo e da aliteração.

    L.B.

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