quarta-feira, 24 de março de 2010

Um soneto entre pedra e água




Um soneto entre pedra e água

Entre pedra e água está tudo que eu mais quis
e, se não quisesse, seria outra história, outra
invenção, com os fantasmas sob as escadas,
no vão das almas, em qualquer lugar nenhum,

para os liames do princípio ao fim, e quem que
entenda do traçado, padre, bispo ou os cavalos,
que venha destrinchá-los, e o mais são reservas
de paciência para o futuro abstrair, ou trair, sim,

que de traições é feita a vida, essa ferida bem mal
curada, sempre aberta, para o azul, o céu e o mar
que nos chama de longiperto, com as fauces loucas

às escâncaras, soltando fogo, chamando, chamando,
com insistência de velha a fiar o tempo na roca da vida
e babando a baba negra da morte, como um ácido fervendo.

_____________

6 comentários:

  1. Sempre invejei (com o máximo de carinho) poetas que tecem sonetos. Adorei esse seu, cheio de imagens e entrelaces. Com um tema de mal-dormidas guerras então: ficou ótimo! Abraços!!!

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  2. sempre a pedra, a água, os sentires que perpassam as palavras; linhas com 'assunto' imaginativo, lento, farto

    beijo, gosto do soneto.
    El

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  3. Do tabuleiro de xadrez ao xadrez que vida tece por trilhos entre "pedra e água" de um bonito soneto.

    Um beijo

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  4. Gosto de poemas que na imagem da natureza nos mostra situações e analogias que vivemos na vida prática, no ir e vir e chocar com as pedras nas corredeiras. Parabéns por este soneto muito bonito e bem escrito..

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  5. lindissíma poesia, adorei o seu blog, irei seguir com imenso prazer.
    Bom fim de semana.
    Um abraço
    Maria

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  6. José Carlos
    Escrever poesia com a água como tema é muita magia
    Um beijo de Aveiro para aí...

    .....

    Fiquei-me por estye poema lindo...

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