terça-feira, 6 de setembro de 2011

A MINHA SOMBRA


O que eu faria sem a minha sombra?
O seu silêncio, a sua música
me envolvem.
Como um veludo, uma corda
trançada
a minha sombra me sufoca.
E me enleva,
me eleva até o êxtase.

Existo porque tenho a minha sombra.
Deixo de existir
só de imaginar a anulação da minha sombra.
É uma figuração, pantomima, algo alheio
a mim
e no entanto sou eu que estou ali.
Se não estou, 
é quem me justifica
– sem ser alguém, é quem
me justifica.

Um dia serei pó
e não terei mais a minha sombra.
Um dia serei silêncio,
um dia não ouvirei
o silêncio e a música da minha sombra.
Não ouvirei o mundo.
Eu me olharei no espelho 
e não verei nada.
Olharei para trás
e estarei na solidão absoluta.

Quebrarei o relógio do universo
inútil,
solto no abismo do tempo
com as estrelas se espiralando em seu buraco negro.



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