O VELHO E A VELHA
À beira da estrada
o velho e a velha esperam.
Um olha para o outro
como se olhassem para nada.
Ninguém passa,
ninguém vem, ninguém vai.
A estrada de pó e pedra
não sai do lugar.
O velho num barranco,
a velha no outro.
Um barranco tão longe
do outro.
O velho culpava a velha,
a velha culpava o velho
das mil pedras no meio
e ao lado da estrada.
Que olhares fatigados
os desses dois velhos.
Chegaram ao fim do caminho
e inutilmente esperam.
Godot não vai chegar,
mas o velho e a velha esperam.
Um cansado do outro,
esperam por esperar.
Esperam por não ter
mais nada que fazer.
jcmbrandão
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