sábado, 5 de janeiro de 2013

O VELHO E A VELHA





O VELHO E A VELHA


À beira da estrada
o velho e a velha esperam.
Um olha para o outro
como se olhassem para nada.

Ninguém passa,
ninguém vem, ninguém vai.
A estrada de pó e pedra
não sai do lugar.

O velho num barranco,
a velha no outro.
Um barranco tão longe
do outro.

O velho culpava a velha,
a velha culpava o velho
das mil pedras no meio
e ao lado da estrada.

Que olhares fatigados
os desses dois velhos.
Chegaram ao fim do caminho
e inutilmente esperam.

Godot não vai chegar,
mas o velho e a velha esperam.
Um cansado do outro,
esperam por esperar.

Esperam por não ter
mais nada que fazer.

jcmbrandão







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