quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sublimação







 


Um piolho
mil piolhos me roem
o cérebro. Em frangalhos
serei eu mesmo, o que escrevo
ou o que vive o estupor?
A carne é fraca, mas espúrio
é o espírito. Alcatra, coxão-
mole, a costela
do homem, a coxa
da mulher. Filho
dessa coxa, onde a mágica
ainda vive, e senhor, senhor
embora o decreto
da morte dos mitos
– ou por isso mesmo
a cinza
de todos os ritos
do sagrado
a podridão, podridão
sem mais nada. Nada. A chuva
derretendo-se
sobre a cidade, a cidade
derretendo-se em lodo, e bocas-
de-lobo engolem o nojo, o feto
burguês, o consumo
o que me consome. Sublimação!
Sublime a beleza, rosa
ou cegueira: crio
vivo o grito da criação.
Todo discurso é falido mas eu amaria
meus piolhos, meus queridos
piolhos fedorentos, meu cérebro
fedorento, a borra
fedorenta e gloriosa borra, meu resíduo
mais íntimo
livre, gloriosamente
para o que der e vier, livre.

3 comentários:

  1. Piolho é a ressurreição da caspa.

    Poema danadinho, Sô Gregório.

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  2. Nós e nossos bichos, "né", Gregório? Meu cérebro quem rói, é uma traça. Cibernética. :))
    beijo.

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  3. piolhos faz mal ás pessoas eu nao gosto

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