terça-feira, 11 de agosto de 2009

Soneto do psicanalista sutil



Muito se definiu o grande amor,
luz da tua e da minha vida amara!
Porém, o que de fato bem se encara
é essa nossa vidinha sem sabor.

Sai da cozinha, meu bem, lava a cara
do alho e cebola, tira esse fedor.
E depois, para a cama, com fervor!
Sempre é a hora do gozo, que não pára.

O resto é um saco, não se agüenta em pé
seja rica a panela ou santa a fé.
Não desfaças do amor, que é tudo, oh minha!

Nada e tudo que cada um tem e tinha,
uma coisinha reles, ordinária,
o amor é uma neurose necessária.

in Exílio, Massao Ohno Editor, SP, 1983.

5 comentários:

  1. Nossa! Muito bem definido e bem construído o amor por Gregório. Sensacional. beijo.

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  2. Você já me presenteara, GV, com esse excelente soneto lá no bar. Releio-o e gosto mais ainda.

    Eita, poeta bão!

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  3. José Carlos

    Somos mesmo grandes.
    E temos uma capacidade de sonhar, sofrer ,recordar e gostar...
    ENORME...eu sou assim ...

    Um beijo muito grande


    gostei da poesia que li...aqui.

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  4. É isso mesmo, Brandão, o poeta não vive nas nuvens, como muitos pensam; ele também conhece a realidade árida do quotidiano, e, se não vê beleza nessa realidade, também não a deixa fora de sua poesia, porque é sua missão falar sobre a vida, de sua riqueza e de sua miséria.

    Um abraço.

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  5. Grande poeta!
    "... não desfaças do amor, que é tudo..."
    oh!, José
    o mais, não se sustenta em pé.

    um abraço!

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