sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Soneto à margem do tédio




Eu sou o que morreu assassinado
numa noite de orgia, sobre um túmulo,
entre uma deusa fria e um triste súcubo,
por sete negras lanças transpassado.

O desejo de amar foi meu pecado:
eu amei com o sangue erguendo o músculo
sem detença, sem sombra de crepúsculo.
Por acerto, morri crucificado.

Não foi o ledo engano camoniado,
mas o cruel festim dos assassinos
numa história que nada tem de humano.

Os juízes com caras de suínos,
cantaram o Te Deum a todo pano,
pois se consomem nossos desatinos.

Sete sonetos em estado de graça, in Exílo, 1983.

2 comentários:

  1. meu caro poeta Gregório
    me vanglorio por lê-lo
    e, ao "vivo", conhecê-lo
    ainda que, homônimo, não
    possas sê-lo...

    noutros tempos
    montaríamos uma banda de
    punk rock

    abraços!!

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