terça-feira, 14 de junho de 2011

D'APRÈS CECÍLIA MEIRELES


RETRATO

Eu sempre tive esta mesma cara,
meio séria, meio esquiva, meio ignara,
com os olhos vesgos
e a língua ferina.

Eu sempre tive estas unhas de arpão,
 feias e mortas de medo;
eu sempre tive este coração
de gelo.

Eu nunca mudei a minha dor:
sempre fui o mesmo vulto esconso
fiando na roca e no fuso
de um espelho obtuso.



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