Faz muito tempo que a poesia agoniza.
É admirável que resista tanto.
Os homens morrem,
as cidades morrem,
as árvores morrem.
Por que é que a poesia ainda agoniza?
Ninguém gosta de poesia.
É uma inutilidade.
Velharia.
De quando havia sensibilidade,
valores morais,
fé
ou coisa que o valha.
A civilização morreu.
Por que é que a poesia teima em resistir?
Contra toda expectativa,
contra a dor,
contra o amor,
a poesia resiste.
Até quando, meu Deus?
Contra a ausência de Deus, a poesia resiste.
O homem já morreu, nem Deus lhe pode valer,
mas a poesia resiste.
Com o último tição da casa do homem
acendo o meu charuto – são belas as estrelas
do meu charuto – e contemplo
a agonia da poesia.
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