terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O DILÚVIO



O DILÚVIO

a menina está de cama com febre
e sonha com um dilúvio
a casa navegando como a arca de Noé
quando acordou a casa navegava
com alguns bichos e ela

passou uma mulher com um cachorrinho
mas não passou Tcheckhov
nem Moby Dick
a cultura morreu afogada

Quando chegou Moisés já era tarde
nem o cabelo de Sansão se salvou
nem a língua de Dalila
ou a bandeja de prata de Salomé

a menina ficou abandonada no mundo
sozinha para criar uma outra humanidade
mas feliz da vida porque estava viva
e antes só do que mal acompanhada

Gregório Vaz


2 comentários:

  1. menina realmente linda essa - construir outra humanidade...realmente é uma esperança que precisamos ter.

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  2. MUITO BOM!

    É sempre preciso pensar assim. RE-CONSTRUIR!

    Beijos, poeta!

    Mirze

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